terça-feira, 31 de maio de 2011

A cicatriz do tempo




Trilha sonora recomendada (somente audio):
Time's Scar - Yasunori Mitsuda

Era criança, não me lembro quantos anos tinha. Só me lembro de desenhar pentagramas e hexagramas de diversas maneiras nas carteiras do colégio. Fazia alguns à caneta para que o próximo que ali sentasse tivesse sua curiosidade despertada assim como eu tive.

Anos depois, entre meus 11 e 14 anos, tive o privilégio de ter acesso à internet discada e me empenhei em fazer algum tipo de busca sobre pentagramas e seus significados, sobre a veracidade da bruxaria que via nos filmes, mas sem muito sucesso. Sem um direcionamento e sem que a busca consistisse em um estudo sério e organizado, a única memória concreta que tenho do oculto em minha vida na infância são esses episódios. Os outros se tratam de OVNIS, histórias mitológicas da mata atlântica, e diversos outros assuntos que fortaleceram minha vontade de procurar respostas ou me empenhar em algo que está um pouco além do que vemos.

As doutrinas espirituais mais sérias formadas a partir da experiência empírica afirmam que encarnamos nos locais certos para cumprirmos o objetivo pelo qual existimos. Hoje, baseado na observação do caminho que sigo e no que vejo nas pessoas que alcançam algo da vida (sem picaretagem), consigo acreditar que esse conceito é verdadeiro.
Após muito tempo de espera, inicio esse blog. Seu nome é IX Noites e a explicação para o porquê desse nome encontra-se ao lado. Meu objetivo é expressar minhas idéias e compartilhar experiências sobre diversos assuntos, tais como música, ocultismo, Ordem DeMolay, Maçonaria, Martinismo, filosofia, Kabbalah, magia, educação, saúde, religião, conceitos e preconceitos, antropologia, arqueologia, ciência, razão, emoção e relacionamentos, o universo, enfim.

Não lembro porque iniciei minha busca, mas ao saber que era isso o que eu procurava me achei dentro de um caminho com uma meta e objetivo firme. Que não muda, mas se amplia e ao mesmo tempo se afunila. E esse caminho, que ainda está em seu nascer, devo ao trabalho de centenas de pessoas, familiares, irmãos, amigos e desconhecidos, encarnados e desencarnados, famosos e incógnitos.

Da realização ou da idealização do meu trabalho, no qual me empenho a cada dia, pouco devo a mim mesmo. Como disse o sábio dos sábios, o rei Salomão, nada há de novo debaixo do sol, pois que proveito pode tirar um homem de sua vida, que não é comparada a um mero piscar de olhos do universo, de criar obras e enchê-las de vaidade, se há também esse homem de retornar ao pó de onde veio? Que proveito tira o homem, de todo o seu trabalho que faz debaixo do sol? Uma geração vai, e outra geração vem; mas a terra para sempre permanece. Portanto, não existem motivos para que eu assinale minha obra ao meu corpo temporal, mas sim à oportunidade de me debruçar sobre os ombros dos gigantes que construíram as bases para que todos nós subíssemos (apesar de poucos se arriscarem), para, assim como os Templários, relembrarmos o grito de cada uma das suas obras criadas: Non nobies Dominie, non nobies, sed nomini tuo ad gloriam - Salmo 115.

O homem irá morrer. Essa é a única verdade que nenhuma crença, descrença ou pensamento pode contestar lucidamente. Todos nós queremos viver para sempre, e, a cada dia, nos deparamos com pensamentos de que os dias estão sempre a mesma coisa. Entediados, vemos injustiças nas ruas, oportunidades de caridade às quais não atendemos. Acabamos nos submetendo a um sistema de trabalho, estudo, dinheiro sem perceber a manipulação e o domínio que exerce sobre nós, e, se percebemos, poucas vezes agimos ou fazemos alguma coisa para fugir desse padrão. E pior é quando a pessoa se torna um peão desse sistema seja por ser ruim de caráter ou por ignorância.

Eu odeio padrões. Não me dou bem com coisas previsíveis. Odeio ficar parado e não fazer nada.

A nossa existência é cheia de sofrimento, e o fato de que vamos morrer é apenas um fator secundário já que o homem ignora sua data de execução. O homem vive para aprender a morrer, e nisso me baseio na vontade do homem, pela história da humanidade, por sua filosofia e religião. Acreditem, o dom do esquecimento é a maior dádiva dada a nós pelos deuses. A dor do nascimento no momento em que deixamos de ser um animal aquático para nos tornamos um animal terrestre com uma alma de sentidos e percepções inferiores, quando o Sopro do Ar entra me nossas narinas após quebrarmos todo um plano de grandes hierarquias para aqui retornar, nós sofremos a pior das dores, mas a esquecemos para caminharmos, sermos felizes, sermos tristes e jogarmos o jogo da vida. É como uma cicatriz que cada um de nós construímos e devemos reparar pelo tempo de estadia no corpo.

Apesar do esquecimento, essa dor, assim como todas as outras dores, deixam suas cicatrizes nas massas de micro-indivíduos vivos que trabalham incansavelmente dentro do encéfalo para nos manter vivos. Não é pelo mero acaso que o instinto que se sobressai a todos é o da sobrevivência.

Poderia escrever muito mais, mas tratarei de diferentes assuntos em posts separados.
Apesar de não costumar citar fontes, não é minha intenção em momento nenhum copiar autores e atribuir a mim suas obras. Sobre isso já falei.

A única intenção desse blog e grimório é fazer com que seja mais um meio de combate a ignorância, o fanatismo e a tirania, pelo o incentivo a que isso aconteça.

Se queres ter uma vida digna, não há insulto pior do que ser tachado de ignorante. Não ser ignorante não quer dizer ser intelectual. Muitas vezes a intelectualidade é vazia e muitos se perdem nessa ilusão. Ser ignorante é ser adepto do mal. Como pode um homem racional com discernimento perfeito praticar o mal, não perceber que o pratica, ou ainda não se importar que é servo de atitudes puramente egoístas? Esta é a causa de todos os males que afligem a Raça Humana. Este é o motivo de pensar que viver, estar vivo, de experimentar as dores e os sofrimentos, é negativo e ruim. Não ser ignorante significa também perceber o quanto a vida tem valor, e como o valor da vida do próximo é tão valiosa quanto a sua própria. É a diferença entre viver e sobreviver.

Malkulth shebe Yesod.

Sem promessas exageradas, pretensões, ou prepotências. Aqui estou no compromisso comigo mesmo, meu coração, a cada dia tentando fechar as cicatrizes criadas pelo tempo.


Petrópolis - RJ
31-5-2011, 16:21, asc em escorpião, sol em gêmeos, lua em touro.

3 comentários:

  1. \o/ Crono cross!!!
    música foda para um post foda!

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  2. Post muito bom, ainda vou ler os outros, e caso eu não esteja enganado até mesmo no chrono cross em fort dragonia há uma citação sobre como o ser humano deixou de ser marinho para se tornar terrestre(se não me engano é quando o Serge retorna para seu corpo original onde vemos ele como uma criancinha pequena e cabeçuda.
    Uma coisa dita em seu post que eu nunca vou esquecer é "O homem vive para aprender a morrer"
    foi profundo isso ^__^
    Parabens !!
    boa sorte com o blog!

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  3. Sempre sinto-me inspirado quando vejo pessoas que tem um ideal de vida tão belo. Caminho árduo mas recompensante.

    Tenho certeza que vai entender minha última palavra: UBUNTU!

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