segunda-feira, 18 de julho de 2011

Pé Esquerdo do Ritual DeMolay




Após sermos iniciados somos submetidos a uma série de instruções e costumes, entre esses temos algo totalmente oposto daquilo que a escutamos e fizemos a vida inteira: nos é recomendado sempre começar com o Pé Esquerdo.

Primeiramente analisando esse símbolo de um contexto histórico vemos que talvez seja uma tradição Maçônica passada ao DeMolay, já que estes também possuem essa pequena tradição do Pé Esquerdo. Mas olhando ainda em um ponto de vista histórico anterior, vemos que os Iniciados nos mistérios do Antigo Egito também iniciavam seu andar com o Pé Esquerdo. Com esse exemplo podemos talvez definir que esse símbolo tenha passado dentro das Escolas de Mistérios ou Ordens Iniciáticas Ocidentais como uma tradição, mas não é esse o ponto importante. Devemos compreender que uma prática ritualística, independe de sua raiz, exige do operador certas atitudes físicas e mentais para que o Ritual atinja seu objetivo.

Escultura egípcia
Nós fazemos parte de uma tradição que utiliza os símbolos como meio de estudo, aprendizado e prática. Símbolos que estão escritos nas falas do nosso Ritual e nas atitudes que devemos tomar durante a reunião. Tomemos o exemplo do Sol, que utilizamos seu símbolo para comparar à vida e destino do homem. "Símbolo" vem do grego sumbolon ("aquilo que reúne as partes") e do latim simbolus ("aquilo que leva ou porta"), é aquilo que reúne o que está em níveis diferentes de consciência, o visível e o invisível, é como uma ponte para compreendermos algo que possa estar além da psique humana. O Pai Celestial criou o Homem a imagem e semelhança do Universo, à sua própria semelhança. Enxergando o corpo como um Templo do Pai Celeste vemos a importância de ensinamentos como evitar hábitos que enfraquecem a alma e o espírito, e cultivar uma mente sã em um corpo saudável. Podemos ver em monumentos antigos, sarcófagos, pinturas, em práticas de caráter Sagrado, indivíduos com olhos elevados para o céu, ajoelhados, braços estendidos, essas atitudes do corpo traduzem os sentimentos da alma e do espírito e não devemos desprezá-las. A prática do rito simbólico, nosso Ritual, põe em operação os diversos símbolos e seus significados através de nossas palavras e atos. Por isso nos mantemos de pé à chegada de alguém virtuoso, quando abrimos o Livro Sagrado sobre o Altar, e nos ajoelhamos em sinal de reverência e humildade para invocar a ajuda das potências divinas. São atos simbólicos que muito transmitem em seu silêncio e prática. Mas aqui veremos sobre o símbolo do iniciar a caminhada com o Pé Esquerdo.


O ajoelhar da oração
De um contexto biológico alguns dizem que o Pé Esquerdo é aquele que se encontra mais perto do coração, mas esses estão tão errados ao não saber que o coração se encontra no meio do peito tendo somente seu pulso mais forte no lado esquerdo, quanto aqueles que dizem que esse símbolo existe para mostrar que não somos supersticiosos ou que somos diferente do mundo profano que inicia sempre com o pé direito. Para analisar o contexto biológico do Pé Esquerdo devemos nos dirigir ao que o controla: o cérebro. Estudos científicos comprovaram que o lado direito do cérebro é responsável pelo controle o lado esquerdo do corpo, assim como é o lado esquerdo do cérebro que controla o lado direito do corpo. Antes de passar para o contexto místico temos que entender o quanto isso é importante e a chave desse símbolo. Citando estudos feitos sobre o cérebro por Dr. Roger Sperry e sua equipe, o que lhes rendeu o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia em 1981, mostraram que o raciocínio lógico, analítico, concreto, são próprios do hemisfério esquerdo do cérebro, enquanto o direito é não verbal, intuitivo, imaginativo, holístico, metafórico, romântico, emotivo. Fazemos uma simples analogia e vemos que o símbolo do Pé Esquerdo está botando a frente o "movimentar" da intuição, da emoção, do nosso "lado oriental" sob o “lado ocidental” e racional.

A polaridade dos hemisférios cerebrais
Compreendido o texto biológico poderemos perceber sua importância pelo contexto místico e oculto. Em qualquer ritual de magia cerimonial o praticamente deve submeter-se a uma preparação preliminar que o deixe sensível ao seu interior livrando-se daquilo que chamamos de lógica ou simples realidade material, para que seja capaz de atuar de modo intuitivo a certas sensações cujo os 5 sentidos não são capazes de explicar. Um ritual como as cerimônias DeMolays, ou qualquer outro ritual, não deve ser feito de modo artístico, pois este possuirá formulas vazias. Nosso lado lógico e cético é responsável pela nossa limitação e impressões causadas pela matéria, em oposição as emoções que não são lógicas e muito difícil de serem explicáveis. O ritual deve ser feito de modo envolvente e sincero, pois nossa Vontade é realmente forte quando Desejamos uma coisa com nosso Sentimentos e não com nossa Razão. Desse ponto podemos ver também a briga e o preconceito que existe daqueles que não aceitam a Fé por essa não poder ser explicada de maneira simples pela Razão, estando muito além de nossas fórmulas materiais só sendo explicada de forma simbólica, metafórica, abstrata.

Ainda dentro desse contexto podemos analisar a Árvore da Vida da tradição Hebraica. Sua disposição mais comum é termos a Sephira Hod alinhada horizontalmente com a Sephira Netzah, como duas forças que devem se manter equilibradas. Hod corresponde a dimensão intelectual do arquétipo de Mercúrio, nossa Razão; Netzah ao arquétipo de Vênus, nossa Emoção. Igual tal como a disposição do cérebro conceituada no Sec. XX pelo Dr. Roger Sperry. Definitivamente os Egípcios e as Ordens Iniciáticas Ocidentais não conheciam as funções cerebrais como conhecemos hoje, mas e a importância do lado esquerdo do corpo já estava clara para finalidades ritualísticas na mais remota antiguidade, o que não pode ser levado como um acaso.

Hod e Netzach em paralelos com os hemisférios cerebrais

Zazen
E para finalizar, do mesmo modo que os Egípcios já davam devida importância ao lado esquerdo, devemos citar Siddharta Gautama que ao praticar o Zazen cuja posição de meditação é feita sobrepondo o lado esquerdo ao direito, colocando a perna esquerda sobre a direita em posição de lótus, assim como a mão esquerda sobre a direita mantendo os polegares se tocando, conheceu a si mesmo e tornou-se conhecido como Buda. Esse exemplo deve mostrar que não podemos definir essa atitude do lado esquerdo sobre o direito somente aos rituais de Tradição Ocidental. Também o encontramos e vemos sua importância na tradição dos Vedas, nas imagens Hindus, em todas as tradições do Yoga e do Tantra.

Não se trata de uma tradição Maçônica passada ao DeMolay. A conclusão desse assunto, assim como de todos os outros símbolos do Ritual, continua sendo pessoal. Vimos aqui as cinco qualidades que cada um deve ter para interpretação dos símbolos, apesar de só podemos pronunciar quatro, sendo a primeira a simpatia seguida da intuição, inteligência e a compreensão. A última podemos definir como algo mais pessoal que é sentido e não transmitido, assim não pode afirmar que a quinta qualidade se encontra nessa trabalho para o leitor. Mas devemos procurar a importância de cada símbolo para conservá-lo e tratar nosso Tesouro, nosso Ritual, com respeito. Ao começar sempre com o Pé Esquerdo devemos nos lembrar que não fazemos nossos rituais para nos fazer de diferentes dos profanos, e sim começar cada caminhar com a sinceridade das emoções que dali devemos tirar das 7 Virtudes e dos 3 Baluartes. Que é o objetivo final da nossa Ordem que segue o Caminho do aprendizado e prática da Virtude nos preparado para os anos da maioridade.

Leonardo Cestari Lacerda / CID 76726
Capítulo Imperial de Petrópolis 470


Escrito em 2 de março de 2010 as 16:15, Petrópolis - RJ.
Revisado em 9 de dezembro de 2010 as 17:02, Petrópolis - RJ.

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